Wednesday, December 13, 2006

Desafio.

Quem é você?

Para pensar.

Eu, quando tinha uns 5 anos recebi um apelido graças ao meu irmão mais novo, Felipe.
Nós temos 2 anos de diferença, e quando ele tinha uns 3 anos ele começou a me chamar de Telera.
A tal Telera era a menina mais "pra frente" que podia existir. Não tinha vergonha de nada, pulava no colo de qualquer um que me levantasse os braços, não tinha medo. Tinha os cabelos desgrenhados, pela preguiça de pentear e quase nunca tinha o tampão do dedo do pé, por causa do futebol na rua com os meninos. As canelas estavam sempre roxas, porque insistia em aprender andar de skate (inutilmente, huahuahua), cicatrizes espalhadas pelo meu corpo não me deixa esquecer da menina alegre e desprendida que eu fui. A infância é a época que construimos quem somos. Personalidade, caráter, valores, sonhos ficam embutidos em algum lugar dentro de nós. Eu tive tudo. Amigos,brigas na escola, casa na árvore, surras, vó, rivais, igreja, verme, catapora e cárie. Tive pais que me ensinaram a viver e um irmão que eu sempre que tinha que defender na escola.
O tempo vem e com ele vem a noção do chique e do brega, do ridículo e do fashion, da popularidade e do anonimato. Competição. A mídia e hormônios nos transformam em criaturas insaciáveis e intolerantes. A insegurança é contínua para aqueles que não se moldam aos padrões impostos pela sociedade, e a busca pela aceitação do grupo nos força a quebrarmos as regras que nunca abriríamos mão. Então surge aquela adolescente vazia, cheia de idéias mas sem ideais. Se vestindo, maquiando, indo a festas, não para celebrar, mas para se esconder de uma solidão e uma feiura que corroía o reflexo do espelho com lágrimas sulfúricas que escorriam dos olhos em seu quarto meio escuro. Um ser humano egoísta. Egocêntrico. Suas necessidades banais provocaram separação entre pessoas que se amavam.
Eu amo a palavra mas.
Mas um dia eu resolvi voltar a ser a Telera. Na verdade alguém me lembrou que a Telera existia ainda. E ter que reaprender tudo o que um dia eu aprendi quando tinha 5, 6, 7 anos não foi uma tarefa fácil. Ter que jogar fora tudo o que a "babá de um olho só" me ensinou ao longo da minha adolescência doeu um pouco. Tive que aceitar ficar nua. O orgulho foi o que mais atrasou essa minha reviravolta. Sou a Telera, Keren, mãe, tia, irmã, filha, amiga, sorrisos, abraços, lágrimas, gritos, pulos, raiva, pecado, perdão, recomeço.
Eu dou uma dica. Se está em dúvids sobre quem é você, se lembre de quem era você quando criança. Isso pode te ajudar muito.

Friday, December 08, 2006

Keren Resende Bernardino RG:37.245.903-1

Responder àquela pergunta do orkut me fez pensar um bocado. Quem sou eu? Não que eu nunca tivesse pensado a respeito*, acontece que colocar isso no papel não é tão simples assim. Quem sou eu? A pergunta é sobre quem eu sou, não sobre o que eu faço, de que eu sou filha, a minha idade, meu endereço, muito menos onde nasci.
Em português, o verbo ser tem quase sempre o sentido de estar. Exemplo: Eu sou triste. Não, você não é triste, você está triste. Não dá pra ser triste toda vida, assim como hoje eu sou rico e amanha posso ser pobre. É ocilante, não é continuo.
Como o meu idioma não dispõe de palavras pra que eu fale sobre mim sem me ligar àquilo que faço, ou onde moro, ou mesmo quanto tenho em minha conta e etc, vou usar isso mesmo para falar de quem sou eu.
Mas deixa isso pra amanha, porque eu estou quebrada e esse assunto é muito complicado.