Friday, March 09, 2007

Pelo dia internacional da mulher.

Hoje estava afim de escrever algo bom, da mais alta qualidade, se é que algum dia escrevi algo de qualidade. Teria até folheado alguma coisa do Rei para me encher de inspiração e bons fluídos.
Nada disso foi necessário. Bastou-me dar uma olhadela dentro do meu quarto para inflar o meu ego com toda sorte de sentimentos orgulhosos. Alguém se lembrou de mim, e era alguém de fora da minha casa, pois não é normal (
não para mim) que um pai ou um irmão-mais-novo-implicante gaste seu suado dinheirinho enchendo meu quarto com rosas e bombons.
Estava tudo exageradamente
enfeitado, e deu pra perceber que a intenção de quem o fez era de deixar bonito. Tudo bem, o que vale é a intenção.
A cama estava coberta com pétalas de rosas e inúmeros bilhetinhos carinhosos se espalhavam pela parede do quarto e portas do guarda-roupas. Uma enorme cesta de café da manhã atravancava o caminho entre a porta e o fundo do quarto, onde estava um daqueles ursões gigantes que toda menina
sonhou ter quando criança. Todas, menos eu. Quando criança tinha medo de ursos de pelúcia em geral, principalmente depois de ouvir as macabras histórias do Fofão. O fato é que estava lá, encostado na parede um urso do meu tamanho, só que mais gordo e com olhos esbugalhados de plástico.
Ah, tinha aquele cheiro também, sabe? Aquele de velório. Eram das pétalas que estavam na minha cama, mas também vinham dos buquês. Dois. Para quê? Quanto(
breguice) romantismo. Quando finalmente consegui entrar no meu quarto, e tirar todas aquelas pétalas muchas de cima da minha cama, deitei. _É, foi um dia cansativo... SEM VOCÊ EU MORRO!!! Em um salto me pus em pé. Estavam escritos no teto do meu quarto em letras garrafais. O que é isso? Uma declaração de amor ou uma acusação de assassinato?? Tentativa de suicídio ao contrário. Só pode ser.
O que mais faltava acontecer? Chegar um grande embrulho de presente com alguém dentro, igual naquelas despedidas de solteiro, quando uma mulher sai de dentro do bolo. Antes fosse. Se tivesse acontecido isso seria muito ruim, afinal de contas teria de ouvir o Seu Joaquim e o seu fiel escudero Felipe, o engraçadinho, me azucrinando até o fim da minha vida. Mas isso ficaria em família. Muito pior que isso é ser motivo de riso de uma comunidade inteira. Eu disse comunidade? Do Universo!!! Eu seria motivo de piada do universo inteiro. Até os meu amigos ETs me zuariam. Nada pode ser mais ridículo, mais brega, mas humilhante que um carro de som na porta da sua casa. Nada melhor para expressar o declínio de sua moral do que aqueles animadores vestindo um paletó coberto com lantejoulas. Nada no mundo é mais cafona que isso. E com quem acontece?? Comigo obviamente.
Meu nome deveria ser Jó, o pai da paciência de também do azar. Mas como nasci menina, me deram o nome da filha dele. Entenderam agora??
Com toda a delicadeza expulso aquela pocilga da frente da minha casa mandando cada um para o devido raio que os parta.
Em cinco minutos o terror recomecaria.
Preferiria mil vezes que o dom Juan saísse de dentro de um bolo, assim poderia felizmente enchê-lo de bofetões e pontapés, mas não. O covarde escolheu mandar aquelas mensagens pelo telefone, não menos ridículas mas pelo menos privada. Privada. Privada.
Já a noite com os nervos a flor da pele descobri o que aconteceu.
A floricultura, que provavelmente deveria estar sendo gerenciada por um ser vegetativo errou o endereço e mandou toda aquele circo pra cá. Vieram se desculpar. Obviamente não devolvi os bombons pois já tinha devorado todos tentando conter meu ataque de nervos e tentando descobrir à quem eu tinha feito mal para merecer tal castigo. Os buquês eu devolvi de bom grado e a cesta também.
O fim disso tudo é que não escrevi nada de bom, mas pelo menos (as minhas custas) uma mulher hoje (mesmo que sem saber) ficou mais feliz.







1 Comments:

Blogger Claire Xavier said...

ai como eu queria ver sua cara quando entrou naquele quarto!!!!
mas basta imaginar...

12:18 PM  

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